Era uma vez um tempo em que as árvores decidiram que elegeriam para si um rei. Se no reino dos homens e também no dos animais havia um rei, achavam que seria próprio que igualmente no reino vegetal existisse um “rei árvore”.
A primeira árvore a ser convidada a reinar foi a oliveira, já que é ela que produz o óleo com o qual são ungidos os profetas e os reis. Com seu óleo acendem-se as lâmpadas que iluminam as trevas e dão direção ao viajante durante a noite. Ele mistura ainda a massa do pão e dá beleza aos cabelos dos homens.
Diz a Palavra de Deus que Absalão, filho do rei Davi, banhava seus longos cabelos no óleo da oliveira e os salpicava com pó de ouro num gesto de extrema vaidade. Cavalgava então contra o vento no alto do morro, fazendo com que o sol reluzisse o ouro e o óleo de sua cabeleira esvoaçante.
Tinha ele verdadeira adoração por seus próprios cabelos. Por causa deles acabou morrendo, pois ficaram enganchados nos galhos de uma pequena árvore pela qual passou montado em um burro quando fugia de uma batalha. Pendurado pelos cabelos, foi atingido no coração pelo dardo de seu perseguidor e ali mesmo morreu.
Voltando à nossa fábula, a oliveira respondeu às demais árvores: “Deixaria eu a minha gordura que Deus e os homens prezam e iria labutar em favor das outras espécies? Não, amigos, procurai vós outra árvore.”
Foram então às outras árvores à procura da figueira e lhe pediram: “Vem tu e reina sobre nós.” A figueira, porém, respondeu: “Deixaria eu a minha doçura e o meu bom fruto e iria labutar sobre as árvores? Não!” E, assim, desprezou o convite.
As árvores não desistiram e foram conversar com a videira: “Vem tu e reina sobre nós”, imploraram. A jovem e alegre videira respondeu: “Deixaria eu o meu mosto que Deus e os homens prezam e iria lutar em benefício das outras árvores? Não!” E declinou
do convite.
Então, todas as árvores, sem opção, lembraram-se do espinheiro e foram até ele: “Vem tu e reina sobre nós”, clamaram, já sem esperança.
O espinheiro, que nada tinha a perder, aceitou o encargo e tornou-se o rei das árvores.
Ora, esta fábula, escrita para lá de 3 mil anos, é bem curiosa. É impressionante como encontramos, por todo o mundo e em todos os tempos, “espinheiros” reinando, governando e tomando as decisões. Eles nada têm para dar, apenas assumem o comando porque as “boas árvores” não querem se envolver com os problemas relativos ao ato de reinar.
Em alguns países, esses “governantes espinheiros” têm mantido nações sob os ferros dos seus espinhos, levando seus povos à falência e a guerras. Costumam só deixar o poder depois de mortos ou depostos por uma revolução.
Oremos, amados irmãos, para que as “oliveiras”, “videiras” e “figueiras” deixem de pensar tanto em si próprias e aceitem o peso do governar com responsabilidade, para o bem de todas as “árvores”, e para que os “espinheiros” fiquem quietos em seus cantos!
Fonte: Folha Universal
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